domingo, 15 de novembro de 2009

Prenúncio

Prenúncio

Céu escuro, nuvens ameaçadoras,
Ausência de quietude
Prenúncio de temporal de aguaceiro,
Vendaval, trovões.

Respiração ofegante
Arrepios, transpiração intensa
Anseio e mescla de medo-excitação.

Tempo poderoso se avizinhando
Determinado, furioso
Gentil- dominador
Abrindo crateras na mente
Expectativa, pressa temores
E relâmpagos de desejos
De sabor inebriante.

O abençoado arrebatamento
Em descontrolado e ruidoso tesão
Antes do céu limpo
Propício ao repouso
Dos corpos cansados
Dominados e levados
Pelas marés do amor.
Ione scherer

Lua Mulher


Lua Mulher


Lua passiva, tranquila
deixa-se descrever, elogiar
Possuir como uma mulher submissa!

Deixa-se nomear
como símbolo dos namorados,
como responsável pelas marés,
e pelas mudanças de humor.
Nada diz, impassível, soberana, dócil.

Lua cordata, fêmea gentil
deixa-se encobrir pela sombra
do sol macho idolatrado
chamado de rei maior
rei das luzes e sombras
Engolidoras de luas.

E ela doce, persistente
companheira das estrelas
ora intensa, ora minguada
ilumina delicadamente
Sem ao menos se queixar.

A lua ensina com amor e paixão
Uma grande lição de vida
A de que no mundo em que vivemos
Há espaço e função definida
Para tudo e todos
A despeito dos temperamentos
E ambições.

Ione (Jullye)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Busca



Busca

E... foi assim: perpetuou-se o marasmo
e a interrogação no bravio rugido dos galhos
quebradiços e outonais.
Aí fui em busca de mim
para poder te encontrar

E numa simbiose, me amar.
Ione S.

Après la Tempete


Après la Tempete

Após a tempestade,
Lembranças vestígios de umidade
Da chuva cinzenta
Do barro grudento
Da grama molhada
A vida explodindo em calma
se erguendo majestosa.

Após a tempestade
O ar mais fluído
Uma vontade louca de viver
Uma paz dominadora
Um mar de calma dentro da gente
E uma promessa primaveril.

Quando o mau tempo
Cruel e impiedoso
Ainda nos está fazendo chorar
Nos semeando dúvidas
E orvalhando o olhar
Precisamos lembrar desse quadro
Colorido e expressivo
Que advem "Après la tempête".

Um sol lindo liquida
Os lugares barrentos
E ilumina intenso
As folhas arrastadas
Possuídas pelo vento.

A tempestade nos lava a mente
Mas ficam implícitas
Promessas de belos belos dias
De ar brando e calmaria
Que nos trará o tempo bom.

Somente après la tempête
Vivemos e rimos
Lembrando do temporal
Que machucou, abalou
Mas se foi.
Ione (Jullye)

Silêncio


Poema silencioso

S
I
L
Ê
N
C
I
O

Q
U
E


F
A
L
A
Abala, convence, preenche, arrasa, ecoa, retumba
na tumba e ao ar livre
dilacerando e remendando
os puídos da nossa alma.
Ione (Jullye)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pai



Pai

Velho amado, viajante das estrelas...
Vi você aborrecido na hora da despedida
Cansado dessa coisa de ter
De viajar sozinho assim "na marra"

Foi um "tchau" meio desengonçado,
Em meio à e agitação do pessoal...
Foi saindo devagar
A despeito de minha amarga dor...
Quando eu me embalava em "por quês"
Você se foi.

O tempo voou e no inventário
Ajudando a partilhar pouca coisa material
O vi diante de mim
Sereno e sem falta de ar
Feliz e em plena paz.

Viajou tão ligeiro
Que me atordoou
E ao partir para além... além do orvalho...
Além da lágrima dolorida...
Deixou-me aos cuidados do mundo
E o mundo, aos meus cuidados
Para eu amar e entender as falas dos atores
Com o muito que me ensinou.

Te amo sempre, Pai
Ione (Jullye)

Idas e Vindas



Idas, vindas, permanências 


A vida é movimento
Vai e vem interminável.
Saudade.. despedida...
Estrada poeirenta
Dor temporária
Dor demorada
Chegada memorável
Ida irremediável.

Tudo vai e tudo vem
As idas e vindas se sucedem
Até que um dia exista
apenas a ida sem volta
Como uma pergunta sem resposta

Vivemos alheios
Ao tchau derradeiro
À viagem para a última morada
Que justa e indistintamente nos espera,
Ameniza os solavancos
E as agruras da estrada.
Ione (Jullye)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sonhei


SONHEI

Sonhei com momentos de puro amor
Com lagrimas de felicidade
Com o mar saudando meus pés
Que corriam ao seu encontro.

Sonhei com beijos apaixonados
Arrancados das entranhas de minha paixão
E com o sol aquecendo meu ser
Enquanto voce me buscava
No esconderijo de seus braços.

Sonhei com voce
E medrosa lutei para nao acordar
Enquanto aquecida e flutuante
Degustava dos seus carinhos
Em fina taça de emoção.

Lutei, contra a claridade gaiata
Que em sua gaiatice me despertou
Para a única verdade possível
Para realidade nua e inesperada
Voce existia... era real.
Minha doce e viva realidade.

Ione (Jullye)

sábado, 7 de novembro de 2009

Aqui e Acolá


Aqui e Acolá

Aqui há plena monotonia
Mas em algum lugar há certamente
Alguém com dor ou alegria
Há morte ou plantio de semente.

Nesse momento em algum lugar
Há uma casa vazia
Uma decepção ou um sonhar
Palavras quentes
Faces frias.
Alguém perdido
Pela ausência de alguém
Um preso arrependido
Um mendigo pedindo vintém.

Há alguém dizendo obrigado
Outro matando o semelhante.
Há um tronco arrastado
Em outro lugar festa e brilhantes.

Em algum lugar...
Um rosto sério e calmo...
Uma partida... uma chegada...
Um padre lendo um salmo...
Uma relação desgastada.

Em algum lugar...
Um casal enamorado
Porque a vida se evidencia...
Aqui, porém há monotonia.
Ou quem sabe...
Uma poesia?

Ione (Jullye)

Mulher

MULHER
Abrigo de outro ser,
Mais um e outro...
Mulher útero, Mulher colo
Mulher ombro, mulher canção
De ninar.

Mulher argumentação
Mulher dengo
Mulher coragem
Mulher frágil
Mulher oração
Mulher simplesmente
Mulher.

Ione (Jullye)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Menino


MENINO
Arteiro... crente...
Confiante, matreiro
Chora e ri simultaneamente.

Menino... Gracioso...
Pedinte e inventor
Astucioso, dorminhoco.

Esse menino um dia existiu em nós
menino nosso que se perdeu
e foi esquecido
impedido de recriar
de saltitar nos corredores da imaginação


Por breves momentos
O menino desperta em nós
Para repatriar a pura ternura…
A fé, a confiança
Encontrada apenas
Nos quintais da meninice.

Ione (Jullye)

A impermanência


A impermanência

Na brevidade da flor está
A impermanência que nos
faz visitantes do que julgamos
ser nossa propriedade.

A impermanência...
Namorada do tempo
A despeito de nosso orgulho
E do som ensurdecerdor
do "eu quero mais".

Cultivamos o "eu sou"
"Eu tenho", o "eu venci"
Em ânsia poderosa de
de fugir da passagem fugaz
em passarela desenhada a crayon
que se apagará.
abortada pela
Lâmina implacável do tempo.

Ione (JULLYE)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Poeminhas



ÁGUA
A água é o alimento do corpo...
O amor o alimento da alma..
A alma é a clarividência
da mente.
Deus é a base de luz
dando calor e beleza
ao ser humano.
Ione (Jullye)



Coração
Desajeitado, elegante,
prenhe de sonhos e planos.
Viver é sujeitar o coração e
Obrigá-lo a ser o mais cordato
Refém da emoção.

Ione (Jullye)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Natureza


A natureza


A natureza surgiu
De movimentos poéticos divinos
Em tempos de grande paixão.

E só voltando a mente para
O sutil é que seremos capazes
de ver as rimas
E melodias contidas
Em tudo
Mesmo a água da cachoeira
Enquanto cai
entoa lindos versos de amor.

Ione (Jullye)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Anjo

Anjo

Sou um anjo cansado de agir
Cansado dos vôos incertos
Das palavras vazias
E das piruetas ensaiadas.

Anjo cansado das promessas,
Das súplicas humanas,
dos amores desusados finitos e maus,
Dos espaços limitados
E dos vendavais de emoções.

Sou anjo cansado querendo
Voar para as terras limpinhas
Onde habita a verdade.
Lugar do canto de pássaros
Dos animais e das flores
E dos hinos angelicais.

JU££YE
(ione Scherer)

Traição

Traiçao


Traí quando já naum sentia mais
O que você sentia por mim...
Quando não sonhava mais com você...
Mesmo ainda juntos,
Embora ainda namorada...
Ainda Amante.

Traí quando fui demais exigida
E as cobranças sufocaram....
Quando os agradecimentos eram pouco
Dentro de um amor absurdo
Cheio de dor
De desamor e egos loucos.

Mortificada pelas
Nuanças de egoísmos...
Mortificada... cansada
Traí solitariamente.

Traí você comigo mesma
Quando não mais sentia arrepios,
Desejos desgovernados...
Sensação de levitação
E silenciei ante sua cegueira.

Traí, conspirei, agi
Cumplice de mim mesma
No silêncio e recolhimento e
Na quietude de meu retiro.
Secretamente desamei
Passando a me amar
No sossego branco e brando que restou.

Roubei-me de você
Executando a única traição possível
Que era estar só sem ninguém
Restituída a mim mesma
Fazendo cumprir os tantos recados
E avisos lacrimosos
De que eu me pertencia
Na minha Essência divina.

Jullye (janeiro 2003)

Ione Scherer(JU££YE )

sábado, 4 de julho de 2009

Meus Vacilos


Meus Vacilos

Sempre que falei de meus erros

Arregimentei uma meia dúzia de fãs
Que se identificaram comigo
Na qualidade de seres humanos
Em constante formação e transformação.


Toda vez que mostrei-me frágil
Vi aproximarem-se

Pessoas que naquele momento estavam mais fortes
Pessoas com capacidade de me ajudar na subida.

Toda vez que chorei
Desfilaram ante meus olhos embaçados,
Muitos lenços oferecidos
Por pessoas que no momento estavam
Dispostas a judar a secar as lágrimas.

Finalmente... quando me bateu a doença implacável
Encontrei gente saudável e cheia de amor para dar
que me tornou forte e apta a suportar a dor.

Sou tão simpática em meus vacilos...
Tão igual a toda gente...
Que abençoados sejam meus tropeços.
São esses solavancos que me enfronham
No mundo real, humano, falível
E ternamente solidário.

Ione Scherer (Jullye)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pequenas Delícias


Pequenas Delícias

Nunca pensei que eu precisasse tanto
De um carinho, de uma palavra doce,
De um email passando força
De um afago ou de um incentivo

De uma oração, de um abraço.

Imaginava-os, elementos dispensáveis
Sem os quais eu viveria bem
E sem os quais nada se alteraria

Em uma vida harmoniosa.


Pensava que a vida era feita
De gestos essenciais
E que os supostos “supérfluos”
Implicavam em ter-se ânimo
E muito tempo sobrando.

Hoje, com os ventos adversos
Compreendo que abri mão do
Essencial à sobrevivência de minha alma.

Abri mão das pequenas delícias
Supostamente, dispensáveis.


Ione Scherer (Jullye)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Não faço Poesia


Não faço Poesia

Não faço poesia.
Ela me arrebata e me arrasta
Por caminhos inesperados
Tão doces, tão novos... Caminhos tão plenos...
Que ao voltar, tonta e trôpega
Para rever o percurso feito;
Sinto-me por ela maculada.

A poesia me chega sorrateira
Vigorosa e matreira
Pronta para se fundir
Às minhas tênues, oscilantes
E desencontradas imaginações.
Ela é uma possuidora
De pretensos poetas
Que ingênuos são levados,
Usados e moldados pelos
Saborosos e possessivos
Caprichos poéticos...
Saídos de um planeta
Onde vive escondida a inspiração.

Não faço poesia;
Antes ela é que me faz
Faz-me cativa, passiva
Desfocada
Da minha metódica direção.

Ione Scherer (Jullye)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Mestrado da vida


Mestrado da Vida
autores:Romano e Jullye



Somos aprendizes voluntários e obrigatórios
Deste Curso pré idealizado...
Todos nós, involuntariamente,
Fomos matriculados..
E sentados nos bancos escolares
sonhando com o diploma
Temos dias de lucidez e dias nebulosos...

A vida passa lentamente...
As dificuldades se fazem presentes,
Temos que nos preparar...
Um aprendizado aqui,um fato inusitado ali,
Começamos a nos graduar....

Eis que um dia, vitoriosos
Percebemos com lágrimas e emoção,
Em meio a canções, amigos solenidade...
Que somos, finalmentemeio doutores desta
Universidade.

Experiência, maturidade, sabedoria,
Permanecerão para sempre,
No nosso dia-a-dia.

Ione e Romano

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Por que?


Por que?

Por que somos céticos de tudo
E surdos aos sons dos aplausos?
Desconfiados da felicidade,
Do próprio merecimento,
Do amor recebido
Do sucesso eminente do carinho confesso
E da mão estendida
Clamando por parceria?

Vamos ofuscando a felicidade e
Escurecendo os pontos de luz
Morrendo a cada passo
Com as pupilas retraídas
Na escuridão de nossas mentes...
Varridos pelos suspiros do ego,
Que nos culpa e nos condena.

Somos criativos
Reinventando motivos
Para chorar e nos apiedar
De nossa própria dor
Em batalhas insanas e perigosas
Crias de nossos pensamentos.

Por que desacreditar
Do Bem do qual saímos?
Esse Bem nos manterá sempre
Caso o alimentemos
E expulsemos de nós
O ser obstinado
Que se vangloria da própria dor.

Perdemos tempo valioso
Esquecidos e nossa parte iluminada
E chorosos do abandono da sorte
Espantamos a felicidade
Na vã ilusão de que estamos a buscá-la.

Por que?

Ione Scherer (Jullye)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Os diferentes


Diferentes

À minha janela
Janela para a rua antiga
E para o pé de salso chorão...
Assisto ao desfile dos diferentes:

O preto, o branco o pardo
O intelectual, o mago, o pedreiro,
O feliz, o triste, o desgraçado...
Noto-os estranhamente, distraídos...
Atentos a não sei o que.

Ali juntas no mesmo jardim
A flor vermelha duradoura,
A amarela frágil e breve...
Quiçá, dialogando.
Outras folhas alheias, se arrastando
Pertinho dos brotos verde-vivos
Do pé de plátano.

Galhos floridos de um ipê
Se prestam a morada dos pássaro
e passarela para o gato que sobe em prisco,
Em fuga dos
Latidos do cão todo armado.

Fecho os olhos desiguais
E na mentalização;
Meus dedos
Tão diferentes... as duas mãos...os seios...
as duas metades do rosto...

Debruçada aguardo as estrelas desiguais
E a lua com suas bruxas inconstantes
Se modificando a cada noite.
No meu silêncio meditativo

Cabem; a música estridente da guitarra,
O concerto melodioso
E o coral melancólico da igreja.
Cabe o vento assoviando malicioso
A cidade inteira que fala apressada
Com seus sons tão diferentes.

Fecho a janela
Deliciosamente serena
Com a paz
Dos que assistiram
Ao desfile dos diferentes.

Ione Scherer (Jullye)